segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Pintura corporal

As cores mais usadas pelos índios para pintar seus corpos são o vermelho muito vivo do urucum, o negro esverdeado da tintura do suco do jenipapo e o branco da tabatinga. A escolha dessas cores é importante, porque o gosto pela pintura corporal está associado ao esforço de transmitir ao corpo a alegria contida nas cores vivas e intensas.
São os Kadiwéu que apresentam uma pintura corporal mais elaborada Os primeiros registros dessa pintura datam de 1560, pois ela impressionou fortemente o colonizados e os viajantes europeus. Mais tarde foi analisada também por vários estudiosos, entre os quais Lévi‑Strauss, antropólogo francês que esteve entre os índios brasileiros em 1935.
De acordo com Lévi‑Strauss, "as pinturas do rosto conferem, de início, ao indivíduo, sua dignidade de ser humano; elas operam a passagem da natureza à cultura, do animal estúpido ao homem civilizado. Em seguida, diferentes quanto ao estilo e à composição segundo as castas, elas exprimem, numa sociedade complexa, a hierarquia dos status. Elas possuem assim uma função sociológica."
Os desenhos dos Kadiwéu são geométricos, complexos e revelam um equilíbrio e uma beleza que impressionam o observador. Além do corpo, que é o suporte próprio da pintura Kadiwéu, os seus desenhos aparecem também em couros, esteiras e abanos, o que faz com que seus objetos domésticos sejam inconfundíveis.

Mulher da tripo Kadiwéu. Foto de Claude Lévi-Strauss, 1935



Índios da missão de São José. Jean- Baptise Debret, século XIX.

A pintura corporal dá identidade social e espiritual aos grupos indígenas, unindo o ético e o estético.

Máscaras


Para os índios, as máscaras têm um caráter duplo: ao mesmo tempo que são um artefato produzido por um homem comum, são a figura viva do ser sobrenatural que representam. Elas são feitas com troncos de árvores, cabaças e palhas de buriti e são usadas geralmente em danças cerimoniais, como, por exemplo, na dança do Aruanã, entre os Karajá, quando representam heróis que mantêm a ordem do mundo.


Máscara representando o sobrenatural Nuianani. Feita pelos índios Bakairi. - rios Novo e Paranatinga, Mato Grosso.
Miniatura de máscara representando o sobrenatural Ewejo. Feita pelos índios Mehinaku. - Ato Xingu, Mato Grosso.

Máscara dança dos macacos carnaval indígena Caiapó.

Arte plumária

A arte plumária não há nenhuma utilidade, apenas para a busca da pura beleza. Mas para muitas tribos, a arte estabelece a comunicação entre seres humanos e o universo. Sua beleza se manifesta da dança e dos ritos cerimoniais. Para algumas tribos, a força mágica é atribuída às penas de pássaro. Tribos dos cerrados fazem trabalhos majestosos e grandes, como os diademas dos índios Bororo ou os adornos de corpo, dos Kayapó. As tribos silvícolas como a dos Munduruku e dos Kaapor fazem peças mais delicadas, sobre faixas de tecidos de algodão. Aqui, a maior preocupação é com o colorido e a combinação dos matizes. As penas geralmente são sobrepostas em camadas, como nas asas dos pássaros. Esse trabalho exige uma cuidadosa execução.
A matéria prima são as seguintes:

• Penas: são retiradas das assas e da calda do pássaro.

• Plumas: se localiza na costa e no peito da ave.

• Plumagem: encontra-se no pescoço, nas costas e no peito das aves.


Coifa da tribo guarani. Acervo do Mudeu de Arqueologia e Etnologia da USP. As cores predominantes são o preto, amarelo e laranja, criando uma combinação de cores.

Cocar feito com penas de japu.

Cerâmica

A cerâmica foi uns dos utensílios que nos ajudaram a identificar as diferentes culturas indígenas. Poderiam ser para vários usos, como para funerais, bonecas, penelas, etc. Os conhecimentos ancestrais das técnicas para a produção de objetos cerâmicos envolvem a escolha da matéria prima, a técnica para queima e a arte do acabamento.

Na cerâmica, a criatividade indígena encontra materiais com maior durabilidade.



Panela para Ritual de Furação de Orelhas. Feito pelos índios Waurá - Alto Xingu, Mato Grosso.


Cumbuca em forma de tamanduá. Feito pelos índios Wuará. - Alto Xingu, Mato Grosso.

Beijuzeira (Torrador para assar beiju de mandioca). feita pelos índios Waurá - Alto Xingu, Mato Grosso.




Tecelagem

Os índios dominaram a arte da tecelagem com matérias primas como folhas, palmas, cipós, talas e fibras resultando em redes, cestos, abanos e máscaras.




Rede feita pelos índios Mehinaku - aldeia Utawana, Alto Xingu, Mato Grosso.



Máscara pequena representando um tamanduá, usadas em cerimônias de nominação. Criada pelos índios Kayapó Metuktyre - rio Xingu, Mato Grosso.

sábado, 19 de setembro de 2009

Marajoara e cultura Santarém

Marajoara é a quarta das cinco fases da ocupação dos índios na Ilha dos Marajós que provavelmente seria habitada há 1.100 a.C. A cultura Marajoara começou a ser estudada desde o final do século XIX pelos arqueólogos americanos Betty Meggers e Clifford Evans.
Uma série de datações radiocarbônicas permitem situar o período de maior crescimento e expansão da cultura Marajoara entre os séculos V e XIV, colocando-a como a mais antiga fase da tradição polícroma amazônica, um estilo cerâmico caracterizado por uma cerâmica cerimonial altamente elaborada em forma e decoração (pintura preta e vermelha sobre branco, bordas ocas, uso de técnicas de modelagem, incisão e excisão), encontrada associada a enterramentos secundários e contextos rituais.
As pinturas eram acromáticas, havia apenas a tonalidade do barro queimado. A coloração era obtida com o uso de engobes (barro em estado líquido) e com pigmentos de origem vegetal. Para o tom vermelho usavam o urucum, para o branco o caulim e para o preto o jenipapo, além do carvão e da fuligem

As duas esculturas em primeiro plano são da fase Marajoara e do fundo, da cultura Santarém. As cores foram obtidas através do barro líquido com coloração branca com o uso de caulim e o preto com jenipapo.

Considerada umas das mais expressivas e antigas, a Cultura Santarém é um complexo de culturas como a Marajoara que foram encontrados na área amazônica.
A cerâmica apresenta representações de humanos ou animais em relevo. Outra característica é o realismo da representação do homen ou do animal.

- Vasos de Cariátides: São pequenos vasos simétricos, em forma de taça, com parte superior ligada à inferior por três cariátides antropomorfas; nas bordas da parte superior estão afixadas outras figurações.

Com forma de taça, a parte superior está ligada a três cariátides e na parte de cima estão detalhadas com diferentes formas.


- Vasos de Gargalo: Apresentam um corpo central - gargalo - e abas, ou asas laterais constituídas de animais - cabeças de aves ou jacarés, por exemplo, e sobre os quais estão assentados outros animais.

Apresenta abas laterais com representações de animais, como cabeças de aves.


- Estatuetas: Apresentam grandes variedades de formas antropomorfas ou zoomorfas, predominando as primeiras e diferentes modos de confecção. Podem ser: ocas, maciças, ou com partes ocas e partes maciças. Os personagens estão nus e são, na maioria das vezes, do sexo masculino

Acervo MPEG - O personagem está nu e é do sexo masculino.


Arte utilitária

Como o nome já diz, a arte utilitária são objetos que são utilizados nas tarefas do cotidiano nas aldeias. Para o índio, o que importa é a perfeição do objeto na execução, mas são tão perfeccionistas que para nós acaba virando uma arte.


Esteira feita pelos índios Apalay - Rio Paru de Leste, Pará. Podemos ver no detalhe de como as fibras são trabalhadas, criando formas geométricas.

Borduna pequena (porrete) criada pelos índios Kayabi - Médio Xingu, Mato Grosso. Até para confecção de armas há detalhes trançados.